31 de março de 2013

Capas de Revistas

Mestre António Soares, logo que teve oportunidade, primeiro com António Ferro, João de Barros e João do Rio, na ATLÂNTIDA, na CONTEMPORÂNEA, e mais tarde nas revistas mais periódicas mas também mais populares como a ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA e a REVISTA ABC, passando por alguns mensários como o MAGAZINE BERTRAND, foi executando e fazendo capas, pois era um "ganha-pão" mais imediato, e sempre necessário...

Mas a qualidade era sempre exemplar e vou apresentar exemplos, com a devida vénia à Hemeroteca da Câmara Municipal de Lisboa (segue link abaixo) e à Fundação Calouste Gulbenkian, pois alguns originais são pertença da colecção permanente do CAMJAP.

Aqui está um lindíssimo cartaz, de 1918.

E estes da ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA, DE 1920:






















Saliento a economia de cor, que tem a ver com exigências da produção, obviamente, mas que são tão bem resolvidas, nestes vários exemplos, como noutros que se seguirão...


Retrato da Mulher do Artista - Retrato da Irmã do Artista

Está patente desde 12 de Julho de 2012 até 7 de Abril de 2013 na Exposição Permanente do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian - Galeria 1, quer a "Natacha" quer este belíssimo retrato a óleo de 1932, de Maria Germana, com 27 anos, mulher do Mestre António Soares.
Por um lapso dos serviços da CAM este retrato - que é definitivamente o retrato da mulher do artista - aparece como "Retrato da Irmã do Artista", 1937. Aqui fica a rectificação.


Apresentamos a seguir mais dois retratos quer da mulher do Mestre quer da irmã, para se comprovar a impossibilidade da semelhança.

Em primeiro lugar o "Retrato da Irmã do Artista" a óleo, de 1936, aqui representada com 22 anos, que está no MNAC - Museu do Chiado:


E agora uma sanguínea lindíssima das duas jovens senhoras, da colecção da Família:



À esquerda aparece Judite, a irmã do Mestre (1914/1938) e à direita D. Maria Germana (1905/1996) e está inventariado como "Mulher e Irmã do Autor" e datado de 1933.

28 de março de 2013

Exposição Internacional de Paris de 1937 - "Lisboa"

Com a devida vénia à Biblioteca de Arte da Colecção Calouste Gulbenkian, e ao Estúdio Mário Novais (segue abaixo o link), apresento a reprodução do quadro que ganhou o Grand-Prix de Pintura na Exposição Internacional de Paris em 1937:

"Lisboa" de António Soares


Existe uma reprodução a cores (que está no site www.mestreantoniosoares.org) mas que não tem suficiente qualidade para se poderem analisar detalhes. E isto porquê?  
Porque este quadro foi destruído no incêndio que ocorreu no Museu de Arte Popular (que fica ao lado do CCB) em 1976, onde este quadro esteve em lugar de destaque, desde que regressou de Paris, na designada  "Galeria Nacional de Arte Moderna".

Vale a pena ver também o post com o mesmo nome: Exposição Internacional de Paris de 1937.

(link: http://www.flickr.com/photos/biblarte/4996129588/in/set-72157624844432503)

Os Quadros da Brasileira do Chiado

Em 1921, António Soares é convidado a participar e acaba a coordenar a distribuição dos temas para os quadros da Brasileira do Chiado, pelos vários colegas / colaboradores, e realiza dois quadros que contêm pessoas da sociedade lisboeta da época e que eram habitués a frequentar a Brasileira. Um dos quadros representa elementos femininos (Botequim) e o outro, elementos masculinos (Cena de Café) - sabemos que um deles está, hoje em dia, numa colecção particular em Lisboa (este quadro - o das figuras femininas ainda não foi encontrado). Os dois quadros serão apresentados no I Salão de Outono da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1925.  
No quadro dos elementos masculinos, começa por esboçar o perfil de Fernando Pessoa mas este, depois de questionado, pede delicadamente a António Soares que não o inclua no grupo, até porque o café que frequentava mais assiduamente era o "Martinho da Arcada". Julgamos nós que seria por convicções pessoais, por não gostar de ser retratado, ou por pertencer aos "Rosa-Cruz". 
António Soares, porque dedica a Fernando Pessoa um grande respeito e amizade acaba por aceder ao pedido do amigo e retira a sua imagem do quadro, não sem antes fazer uma fotografia, que aparece abaixo, absolutamente datada pois a criança que está à frente do quadro é a irmã de António Soares, Judite, que teria à data cerca de 10 anos.

Fica aqui a fotografia, inédita:


(foto colecção da Família de António Soares)

4 de março de 2013

Painel temático na Escola Secundária Ferreira Dias



com as bandeiras representando os símbolos dos cursos leccionados na antiga Escola Técnica de Sintra, à data da sua execução - 1964
  
Foi um enorme prazer a minha primeira visita à Escola Secundária Ferreira Dias em Agualva – Cacém. A minha intenção era, em primeiro lugar, averiguar do estado de conservação do enorme painel realizado por encomenda pelo Mestre António Soares em 1964 (quando foram edificadas as novas e actuais instalações), e contactar com a Direcção da Escola no sentido de solicitar autorização para reproduzir e publicar informação sobre o mesmo.


Fui muitíssimo bem recebida, desde o início, pelo Vice-Director da Escola, que estava mesmo na entrada, Dr. Reis Martins. Sorte a minha de ter logo encontrado a pessoa que ao longo dos anos mais se tem batido pela preservação do magnífico painel que esteve em riscos de vir a ser destruído (queriam deitar abaixo aquela parede), caso tivesse havido dinheiro para se levar a efeito as obras de remodelação do Parque Escolar. Depois de ter conversado algum tempo com o Dr. Reis Martins, julgo que tal nunca teria chegado a vias de facto, ou então o Parque-Escolar iria contar com um “Mártir pela Arte”. Também estou convencida (com grande pena minha) que fosse este um painel realizado por Almada Negreiros, e a Escola teria não só sido uma das primeiras a ser renovada, como o painel (que não pode ser removido da parede onde se encontra) seria eventualmente colocado num maior lugar de destaque (?)...

Fiquei a saber que a Escola tem levado a efeito ao longo dos últimos anos, várias exposições sobre este “desconhecido” autor do painel que tão bem embeleza a entrada principal da Escola, António Soares, quer na área de Artes e Design, quer na de História. Infelizmente, como muito bem sabemos e lamentamos, ainda não existe a publicação da Biografia Oficial e completa do Mestre António Soares (é o nosso objectivo prioritário) nem existe disponibilizado na Internet muito material – reproduções – de obras do Mestre.

Julgo que o prazer foi recíproco, pois na escola não sabiam que existe uma família e um espólio do Mestre António Soares, e que a Família tem vindo a realizar desde o falecimento do Mestre (há 35 anos) um levantamento e um inventário exaustivo da obra deste grande artista português do século XX.

Objectivamente constatei, em primeiro lugar, que o painel apresenta um excelente estado de conservação; em segundo lugar, que existe uma grande vontade da Escola em conhecer melhor este grande pintor do Modernismo; em suma, pode ser um bom começo para a dinamização e divulgação de quem foi António Soares, o que foi o período do Modernismo, em que lugar estavam todos os protagonistas desse movimento – posso dizer com toda a convicção e afirmá-lo em definitivo, tal como posso prová-lo, que Almada não foi o maior, foi simplesmente um dos elementos do movimento do Modernismo Português.

Aliás, não se pode afirmar quem foi o maior, como não se pode dizer quem foi o primeiro, como não se pode dizer quem foi o pior ou o último. Um Movimento nas artes, como noutras actividades, é constituido sempre por vários artistas cujo trabalho no seu conjunto é que determina se existiu um Movimento ou se foram simplesmente manifestações esporádicas. Assim, no Movimento do Modernismo em Portugal, todos contribuiram para essa definição, e não só na pintura, no desenho, na publicidade, nos grafismos, mas também na escrita, e na arquitectura, exterior e de interiores, enfim na cultura em geral.

Continuo a afirmar, está ainda por fazer, por estudar a fundo e conscientemente, com uma visão e leitura mais objectiva e isenta, a História do Modernismo em Portugal.

Ficamos pois hoje mais enriquecidos com a publicação aqui, neste blog, com a devida vénia ao blog “riodasmacas.blogspot.pt”, de uma imagem magnífica (início do post) deste lindíssimo painel que se encontra na entrada, recepção, da Escola Secundário Ferreira Dias, tal como o vi na semana passada.

Imagem do Painel, pouco depois da inauguração da Escola - note-se a ausência do busto do Engº. Ferreira Dias